Dissertação - Produção de narrativas transmidiáticas : uma proposta pedagógica para o uso do smartphone nas aulas de línguas

Autor: Marianna Collares Soares Rego (Currículo Lattes)

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo principal articular e ancorar empiricamente subsídios teóricos para a incorporação pedagógica de smartphones na aula de línguas, sob o viés de uma educação linguística pluralista e crítica (GEE, 2003; COPE; KALANTZIS, 2008). Dito isso, são objetivos específicos deste trabalho: (i) Fazer um levantamento bibliográfico problematizador de trabalhos brasileiros sobre o uso de smartphones na sala de aula de línguas, publicados na última década no campo da Linguística Aplicada, através de um Estado da Arte, a fim de identificar principais temas de estudo e práticas vinculadas a esses dispositivos; (ii) Dialogar criticamente com os trabalhos levantados, a partir do referencial teórico adotado neste estudo; e (iii) Realizar breve intervenção pedagógica com uso de smartphones, através de uma oficina experimental sobre produção de narrativas transmidiáticas, com vistas a explorar o potencial dos dispositivos e a ancorar empiricamente a proposição dos subsídios teóricos. Para tanto, na primeira parte deste trabalho, alinho-me aos Novos Estudos de Letramento (NEL) (HEATH, 1983; STREET, 1984; GEE, 1996) e à Pedagogia dos Multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 1996), por assumirem a centralidade das práticas de linguagem no universo online. Nessa perspectiva, assumo ser significativo à proposta deste estudo o conceito de educação linguística pluralista e crítica, tal qual proposto por Cope e Kalantzis (2008), que visa a dar conta das multiplicidades culturais e semióticas de um mundo globalmente conectado, frequentemente acessado por meio de dispositivos móveis, a exemplo dos smartphones, e o de aprendizagem crítica (GEE, 2003). Nesse sentido, também me ancoro em Miller (2011) e em sua proposta de divisão de mídias. Tal proposta se faz importante a este trabalho por estarmos imersos em uma Cultura Digital (LÉVY, 1999; MILLER, 2011; JENKINS, 2009). No contexto de uma Cultura Digital marcada pela mudança da Web 1.0 para a 2.0, interessa-me pensar o sujeito que está hoje na escola como um "produsuário" (JENKINS, 2009), isto é, alguém que, em alguma medida, produz em cima dos objetos midiáticos que lhe são dados a consumir. Metodologicamente, esta é uma pesquisa de natureza interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2008), que é articulada a partir de dois estudos: o primeiro consiste na criação de um Estado da Arte (FERREIRA, 2002) sobre smartphones no ensino de línguas; e o segundo na criação de uma oficina pedagógica experimental, que se propõe como um breve estudo exploratório (GIL, 2002), acerca do uso desses dispositivos para construção de narrativas transmidiáticas, realizada em duas turmas dos cursos de Letras da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em 2020. O Estado da Arte (FERREIRA, 2002) desenvolvido permitiu reunir elementos que orientaram tanto a condução da oficina pedagógica quanto a articulação de subsídios teóricos para o uso pedagógico de smartphones na aula de línguas. Os resultados encontrados no Estado da Arte apontam que, mesmo com a ascensão dos estudos sobre Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), a maioria dos trabalhos envolvendo as TDIC ainda toma o smartphone apenas como suporte. Já a oficina permitiu identificar e explorar reflexivamente as possibilidades pedagógicas para o trabalho com narrativas transmidiáticas a partir das affordances naturais (BUZATO, 2009; BRAGA; GOMES; MARTINS, 2017) do smartphone. Por fim, aponto, nesta dissertação, os possíveis ganhos de se lançar mão de smartphone em contextos escolares de ensino de línguas, especialmente para o trabalho com narrativas transmidiáticas, e articulo subsídios teóricos que possam servir de referência para a incorporação pedagógica desse dispositivo sob um viés educacional que se proponha pluralista e crítico.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Letramento digitalNarrativa transmídiaSmartphoneEnsino de línguas